– A conta, por favor – Matheus fez um gesto de estar assinando algo.
O garçom assentiu.
– E então, gostou daqui?
– Achei lindo! A decoração, a comida, a vista… – Marina apontou para a janela com a vista da grande cidade de São Paulo com centenas de pequenos pontos brilhosos, sem falar na linda e serena lua que se prostrava cheia perante a eles – Você… Achei tudo maravilhoso!
Os dois sorriram timidamente.
– Sabe, existem outros lugares tão bonitos quanto este, posso te levar se quiser.
– Eu adoraria – Seus olhares estavam fixos e pouco a pouco seus rostos foram se aquecendo e avermelhando. Um pequeno toque de vergonha lhes percorreu.
– Aqui está senhor – Entregou a conta, o garçom.
– Obrigado.
Matheus abriu a comanda ainda com a expressão de felicidade em seu rosto, mas ao ler o valor seus olhos arregalaram, a música parou, a criança chorou, e tudo em volta ficou mais lento. Ele analisou Marina o olhando ainda maravilhada, observou todos os clientes bem vestidos no recinto, olhou novamente a conta… E percebeu o quanto foi infeliz em escolher aquele restaurante.
Joelson, o garçom, coitado, estava ao lado apenas observando.
O tempo voltou a circular normalmente, a música voltou, e Mateus saiu do pequeno transe.
– Caralho – Deixou escapar.
– Oi? – Perguntou a jovem – Não entendi.
– Agasalho… Está muito frio aqui, não acha?
– Mas… Você está suando…
Uma gota gigante de suor escorreu de sua testa percorrendo todo o seu rosto.
– Quer dizer, está calor demais não está?
Marina inclinou a cabeça pro lado, tentando assimilar e achar o sentido naquela conversa.
– Tá…
– Por favor – Matheus sinalizou para Joelson se aproximar e cochichou em seu ouvido – Vocês parcelam em até quantas vezes?
– Em 3 vezes, senhor – Disse Joelson em alto e bom som.
– Err… – Ainda sim, era muito!
– Matheus, não tem problema – Se intrometeu a garota – Eu ajudo a pagar – Sorriu.
– Nãaao, não precisa. Eu pago.
– Parcela pra mim em 3 vezes, por favor – Falou para o garçom.
– Porque eu não posso ajudar a pagar? Eu também comi.
– É a lei, o homem pagar a conta, pelo menos no primeiro jantar.
– Ah é? Lei de quê?
– Lei da vida – Sorriu – Em 3 vezes por favor.
Joelson começou a colocar os dados na máquina do cartão…
– Lei da vida nada, isso é machismo! Acha mesmo que eu vou deixar você pagar sozinho? Divide a conta em dois, por favor.
Joelson cancelou a operação e iniciou outra…
– Não, não é necessário. Eu pago tudo.
Joelson parou, e resolveu esperar.
– Não é justo com você, eu vou pagar metade – Disparou a moçoila – Vou pagar e não saio daqui até pagar a minha parte! – Fez uma cara birrenta e emburrou.
– Tá… Pode dividir por dois então… – No fundo, Matheus quase chorou de felicidade.
Joelson calculou e mostrou,
– Senhores, seria esse valor pra cada um, podendo ser dividido em até 3 vezes…
Então ela respirou fundo, pensou um pouco e assentiu.
– Tudo bem Matheus, viva o machismo. Você pode pagar.
– O que? Não, agora você paga também.
– Eu? Hahaha! Mas eu sou uma dama, e VOCÊ está me cortejando, faça seu papel e pague o jantar.
– Então você é dessas que são “compradas”?
– Ohhh, fala direito comigo!
– Ou o que?
– “Ou o que?”? Eu vou te mostrar o que!
Quando notaram, os dois estavam apoiados em cima da mesa, de frente para o outro, berrando no restaurante.
E num piscar rápido de olhos, deram seu primeiro beijo…
…
– Senhores, preferem que eu volte mais tarde?