Algumas pessoas dizem que esse é o momento mais tranquilo de alguém, e confesso que acreditei nessas pessoas por um ano. Que imbecil. Pois hoje quase arranco meus cabelos e me jogo da ponte. Ah, se tivesse uma ponte aqui perto! Já teriam achado meu corpo de terno e gravata amassado ao chão.
Todavia, isso não vem ao caso. O caso é, estou tenso como nunca estive. Não comi nada o dia todo por causa de uma azia que odeia remédios. Enquanto isso, sou obrigado a escutar “parabéns, finalmente, parabéns” por todos os cantos, por todas os conhecidos e desconhecidos. Um flash forte da câmera me cegou por segundos. Não era para ser tranquilo?
Uns tapinhas no rosto ou água gelada não resolvem, acredite eu tentei. Por mais que eu planeje esse momento nada saiu como esperado. Estou a frente de cem pessoas maravilhosamente amadas e queridas, e não faço a menor ideia do que irá acontecer.
Limpei o suor da minha testa com as costas da mão.
Engoli em seco.
Cada segundo parecia um milênio. Todos me encaravam, sorriam e esperavam de mim a mais pura coragem. Será que eu merecia tudo isso? Minha vida toda fui medíocre, nas notas, com a família, com os amigos, no trabalho, nos Hobbies, em tudo. Será que merecia tanta responsabilidade? É preocupante pensar em tudo isso agora, eu sei, e me arrependo muito por isso.
Minhas mãos estavam inquietas.
– Você está bem?
– Tô, sim.
Eu fechei os olhos e idealizei que depois daquele momento toda minha vida iria mudar. Tudo. Toda ela. Respirei fundo, e soltei o ar quente. Mas mudaria para melhor ou para pio…
Esquece, ela chegou de branco linda de mais para ser verdade. Atravessando o centro da igreja com o sorriso de orelha à orelha.
Minha azia passou.
E percebi que existia realmente tranquilidade naquilo tudo.